terça-feira, 26 de junho de 2007

Mais

Já era hora de agradecer;
Olha como estou bem no meio da foto que você tirou e eu só revelei agora.
Por que não estava do meu lado?
Porque essas coisas não se dizem,
se sentem,
e eu sinto.
Sinto teu sopro de bonança em qualquer lugar desta foto vazia -
eu não poderia ser sem você.
Era a potência que, elevada ao quadrado, não passou do igual,
O negativo que não sabe atravessar o muro vertical
para um mais virar,
e assim somar,
mas eu somo.
Somo porque tua solução me fez perceber
o quanto eu era,
o quanto eu podia ser;
nessa foto que eu revelei há um tempo atrás,
nossos traços já eram mais,
eram iguais
tão iguais que até ia esquecendo de dizer:
obrigado,
obrigado,
obrigado,
eu não poderia ser sem você.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

cobra

do topo da minha mente brotou essa serpente que eu não sei explicar. e a mistura de cascavel veio do meu peito, olha, chacoalho esse veneno pra quem quiser se afogar, eu sei nadar - e, melhor, sei mergulhar, pois sou cobra-d'água que rasteja na superfície, jezus. best friend, jibóia, tinha dois dentes brancos como as escamas da sucuri, mas meus anéis são mais largos e eu consigo tudo que quero e o que não quero é bote, quero estrangular. farfalhar desesperado desse estômago que engole boi inteiro, remexe, maluco - a minha fome é apnéia que não sossega com a anaconda colega, como o riso só de caninos, não de vampiros, mas de cobra, daquelas bem venenosas como essa aqui na minha testa... cuidado.

domingo, 17 de junho de 2007

Game Over

Meu pergaminho das vaidades cobre o podre embaixo do couro.
Esse mundo não tem jeito mesmo -
mas até que é bem fácil ser eu,
com esse joystick-de-condão que eu controlo o mundo,
e você.


Tranca a porta que eu arrombo o cimento,
sem pausar, devagar, sem pausar
Pra quê a pressa se está comigo?
Deixa eu te mostrar como se faz direito...
É você que tem que vir aqui,
essa é a melhor parte do jogo.


Porque aqui brilho se acha e se compra,
mas se não souber usar, nunca vai zerar o game
pra achar o macete dos corações infinitos
nesse totem de loucos -
Eu te disse que eu não tenho jeito mesmo?


Não dá pra morrer nessa fase ridícula,
mas daqui você não passa.
E não é porque você joga mal,
mas eu já não te falei que essa é a graça do jogo?
Ver você correr, suar, passar, pular
só pra me achar.
Onipotente;
Onipresente;
Onisciente;
Eu sou o chefão que vai sempre te controlar.

sábado, 16 de junho de 2007

QI

Eu tenho conchavo sim.
Ou você acha que se cresce por mérito?
Então continue achando,
que é menos um na panela.
Conheci muitos iguais a você,
que deram meia-volta com a realidade crua:
Todos nós somos produtos
e quem não se vende rápido,
apodrece,
como os sonhos do sucesso dedicado
que, coitado, é um rosto bonitinho e perdido.
De quê adianta tanto esforço
se não te fazem brilhar?
Ninguém é feio, no fundo,
apenas mal-produzido.
E o que vem de fora custa tempo, dinheiro e
sorte -
porque sem ela, não existe nem esperança.
e não me faça rir com sua perseverança;
Eu nunca a tive -
só tenho certeza
e contatos perfeitos.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

história de amor

Já passou nosso dia e esqueci de escrever aquela história de amor que você me pediu. Olha, já está bem tarde e digito bem baixinho pra você não acordar, mas escuta o segredo que sussurro ao pé do teu ouvido – ainda não sei dançar forró tão bem quanto você. E não é uma disputa acirrada, mas meu coração palpita carregado pela barra do teu vestido que vai longe, longe com meu sonho de te acompanhar em tudo, amor, até que é gostoso te descobrir nessa dança.
E você? Vai dizer que não lê mais agora, comigo? Lembra daquele livro que lemos juntos, grudadinhos, esperando o outro terminar de ler as páginas para digerir as folhas daquela paixão que não descia goela abaixo, está entalada e nos controla e nos devora e eu nem preciso me concentrar.
Tive medo de dizer ‘eu te amo’ naquela primeira vez, parecia tão cedo te amar na primeira conversa... mas não te amava ali, apenas. Te amava antes, muito antes, esperando o sempre que se tornou infinito depois da certeza de te chamar ‘minha mulher’. Me explica que sintonia é essa de querer fazer a mesma coisa, no mesmo tempo, na mesma freqüência e não se cansar e não se cansar e não se cansar.
Sou teu fã número 1, ainda mais quando dança e me alcança sem sequer me olhar. Já que tudo passa, deixa tudo passar pra ficarmos juntos nesse baile, e eu te dizer o segredo que tanto esperei. Não quero te acordar com esse teclado rosnando, mas não dá pra dormir enquanto, no fundo, no fundo, meu coração bate na boca com a história de amor que esteve sempre escrita nessa sorte de te encontrar.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Ibiza

Nessa fuga fugida pro centro da Terra,
vamos pra Ibiza
beijar o chão dessa última chance que nos resta –
é agora ou nunca,
melhor,
é agora;
e não 'mais depois' quando o dia raiar e eu não tiver dormido,
porque ainda é ontem depois da meia-noite,
então não dorme que o dia não passa.
passa é o sonho acordado de mãos beijadas pelo chão de Ibiza
pois quem tem certeza não pensa de novo,
e se é a última chance,
volta, irmão, volta correndo que tua hora é agora.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Pantera na neblina

era pantera.
tinha a garra 'grrrau', mordiscava as formiguinhas que formigavam suas patas esticadas pela infância e primavera.
e as meras panteras da biosfera queriam ser ela.
até a baba banhava os rios bonitos e premeditados seguindo o melhor ditado que vem de dentro - 'seja a Pantera de uma nova era', disse a neblina que neblinava quem a chamasse 'psiu, caí numa cratera!'.
e os problemas aumentavam e aumentavam e todas as meras panteras caíam no grande lamúrio de como-é-difícil-viver, enquanto a Pantera aumentava e aumentava e ria na atmosfera, venera essa vida que te faz crescer.
era Pantera.
e só era Pantera, porque tinha certeza que era Pantera, e a amiga-neblina, comparsa dessa doce chacina, amava a Pantera como as meras panteras amavam essa hera que matava a cratera enquanto a outra Pantera era sempre mais Ela.
Será que é medo de ser Pantera...? essa pele custa mais caro, e os caçadores espreitam as pintas que brilham no escuro, mas o futuro quem dita é Ela e, essa neblina é só o espirro do inverno das panterinhas que, coitadinhas, vão estar sempre resfriadas com o talvez-aconteça do pensar-pantera... 'ai, quem me dera... que sorte a dEla'.
era Pantera porque fez sua quimera a guiar pela neblina até que um dia, olha só, a primavera brilhou para sempre.