quinta-feira, 26 de abril de 2007

HI A TO

Por entre as pétalas de uma flor grotesca,
As vogais desse hiato se espalharam
como insetos flamejantes nos letreiros luminosos
de um mundo que eu não sei mais viver sem:
Eu.

E as três luas minguavam enquanto eu crescia
Sem o pudor que outrora se escondeu no eclipse total
do meu coração de fogo.
As marés sem solução nunca sequer foram problemas,
mas arque com as conseqüências da tua ausência, rapaz,
A falta de rotina pesa duas toneladas.

Separo sílabas pelo choque de não poder me separar
e no caminho aberto, passa a orquesta no silêncio
da desorganização - são consoantes que aguardam a segunda-feira
para tentar começar de novo o que eu ainda nem sequer comecei.
A vida é uma piada.

Fora de ordem é fora da lei no mundo de quem vive sem arte.
Mas no meu mundo, bem lá no fundo, a chuva que ainda não choveu
me molha cru no desespero de querer só criar.
Esse hiato é a lua que nasceu dentro de mim
quando a flor grotesca do mundo
sussurrou aos meus ouvidos que, talvez,
por mais que eu insista,
nunca mais chegue a chover.