domingo, 16 de setembro de 2007

um pedaço antigo da minha agenda com os melhores dias da minha vida

Comecei a bolar meus planos ontem e escrevi na minha agenda os preparativos para os melhores dias da minha vida. Eu tinha que ter tudo em mente, mas sabia que sempre estaria aberto para as boas surpresinhas que a vida tem a trazer.
Viver é bom pra caramba.
E do que eu escrevi, todo mundo tinha que saber. Queria gritar para os estranhos, para o meu cachorro, até para as nuvens nubladas que me mantinham na sombra naquele dia perfeito - achei que fosse explodir de tanta alegria.
Se for andar, ande pra frente.
Xeroquei minha agenda e distribuí pela vizinhança: "SOU FELIZ!" - e era (melhor, sou) tão feliz naquele agora que queria compartilhar com o mundo o motivo da minha felicidade, queria escutar do mundo a felicidade que ele sentia, que o meu cachorro sentia, que aquelas nuvens sentiam, que você sentia.
Queria assistir o mundo brilhar como eu.
Mas, depois de uns minutos, vi meus papéis no chão, pessoas debochando de um jeito estúpido... 'Se é feliz, guarde isso pra você, ninguém é obrigado a saber, não tem mais nada pra fazer?', escutei, enquanto me xingavam de ridicularmente pedante e exibido.
É... cada um é do tamanho do que pensa.
E se você chegou até aqui com um riso no canto da boca, é porque sabe que viver é bom pra caramba. No fundo, eu sei que foi você que encontrou um pedaço antigo da minha agenda com os melhores dias da minha vida. Nesse meio tempo de deboches e mau-olhados, eu comprei um laptop pra escrevê-los e publicá-los na internet, é mais seguro que ficar xerocando e mais pessoas podem lê-los e entender meu muito, muito, muito obrigado mesmo por serem felizes também.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Poseidon

Recolhe o meliante, maluco, que aqui só entra quem tá na lista. É boca VIP, tá ligado?
Pra dar um dois, queimá pedra, tem que vir só pra ficar pampa.
São ordens do Poseidon.
São sempre as ordens do Poseidon.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

WYSIWYG

Uma voz de apossou de mim e te mandou ir ao inferno,
Mas eu não quero que você vá ao inferno
Quem vai ao inferno dificilmente volta, amor,
E eu quero você aqui,
Bem na palma da minha mão,
Fechando
Os dedos fechando paulatinamente
As digitais fechando e encontrando a superfície da palma e esmagando a pele que fica lisa de tanta pressão.
Eu quero você aqui,
Porque foi isso que você sempre pediu
A gente tem o que a gente merece
E o que eu sempre pedi foi estar só ao seu lado,
Nem a sua frente, não estou a sua frente, nunca estive a sua frente,
Queria estar ao seu lado,
Mas agora é impossível digitar zero e um com a mão fechada, amor
Eu quero você aqui
Para escutar essa voz essa voz que te manda ir ao inferno
Enquanto, paulatinamente, eu te assopro ao nada
E me elevo ao céu.
Porque foi isso que você sempre pediu.
A gente tem o que a gente merece.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Fuzileiro

morro pela pátria como quem morre de olhos abertos no meio da inconfidência, brazil. e só quem sabe o que é ser fuzileiro sabe o orgulho que dá de se camuflar pelo bem que ninguém consegue ver, mas que pulsa no coração, pulsa até na mão desse animal que matei pra sobreviver na selva. e que selva, irmão! eu conheço a selva, e eu vi a selva engolindo tudo, eu vi com esses olhos que a terra há de comer. já me tiraram dinheiro, comida, já me tiraram tudo, irmão. mas eles nunca vão tirar essa paz que sai dos meus olhos abertos e calmos da cabeça separada do corpo no meio da inconfidência. minha vida é brazil, e só quem sabe o que é ser fuzileiro, sabe o que é morrer pela pátria, por você que lê essa carta e nem faz idéia da luta que foi pra chegamos aqui.