sábado, 9 de janeiro de 2010

Oi (2)

Em 17/07/2006, disse meu primeiro OI.
Com a recente edição de um livro reunindo minha antologia 2005-2008 (quem quiser, é só me falar!), chega a hora de fechar esse ciclo do luzxadrez (que já ficou cansativo tipo ALT+F4, tipo chiclete gasto) com outro OI e meu imenso obrigado.
Me encontrem agora no http://7noites.wordpress.com.

domingo, 18 de maio de 2008

Vida longa alRei

Deixem o cavalaria entrar
Para a despedida delRei.
Abram todos os portões
Para os missionários idiotas marcharem
Em direçom ao trono.
Estendam o tapete
Sobre a ponte levadiça
E ergam as muralhas
Para a invasão dos palmeirins revolucionários.
Evacuem o barbacã
E desarmem as armadilhas
Qui sempr'eles tentaron capturar.
Retirem os velas dos trabucos
A fim de nom se sujarem
Com o coragem alheia.
Avisem os outros castros e comunas
Das minas formidáveis na muralha;
Dos aríetes espalhados aos quatro ventos
E dos vermes aterrados na vala:
Estamos cercados.
Escutem o rauco brabo da corneta
E se protejam contra os emcombros
Na torre de menagem, vazia.
Ignorem os gritos da guilhotinha raivosa
E os pedaços dos homens,
Feito a mão da rainha,
Que esperando por um beijo amabile de despedida,
Termina pisada pela multidão germinal.

Vocês, revolucionários ad hoc,
Que traem princípios para não morrerem,
Observem a planeta girar
Em torno da cabeça delRei, del mui amabile Rei.
E de seus pedaços espalhados aos quatro ventos,
Sem nenhum pingo de arrependimento em seu sangue Real.
Vocês lembrados pelo coletivo da classe;
e Ele, pelo nome digno de um Rei,
que, agora, faz parte da História
Para sempre
Pelo bem, ou pelo mal.

sábado, 17 de maio de 2008

Secos e Molhados

O Sol esquecido em meu bolso.
A calça lavada, secada, guardada.
Aquela noite que parecia eterna
E todos cismando em me falar que tudo passa...
Estou ficando cego.

As pessoas preocupadas com a programação do final de semana.
O Sol perdido.
O varal batendo no chão de tão pesado,
Enquanto a luz vinha dos faróis dos carros, parados, nos postos de gasolina
E do meu coração em chamas.
Estou morrendo.

As nuvens carregadas traziam o presságio da chuva.
E as pessoas tomando vacinas para doenças
que nem sequer chegaram a existir.
As roupas esquecidas no varal.
E meus olhos bem abertos na varanda
Tentam aceitar que o Sol se foi para sempre.
Trovões.

As pessoas andando apressadas, ocupadas.
Eu assisto o escuro em silêncio.
O Sol perdido no bolso daquela calça que ninguém usa
E que que ninguém tem coragem de doar para a campanha de agasalhos.
Eu também não.
Os fósforos molhados não prestam depois de secos.
E, por mais que eu não quisesse,
Era triste perceber que
O Sol também não.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Oração do desamor

Observando você me observar.
Oi.
E aquele oi de resposta que finge que nada está acontecendo.
Eu sei que você não me esqueceu
Porque sua amiga me disse
E porque suas olheiras não te deixam mentir.

Sou a sombra por trás da sombra em seus olhos.
Bu!
E aquele oi de surpresa que finge que nada está acontecendo.
Eu sei que você me espiona
Na espera de que eu note
Para ter um motivo para falar comigo.
E mesmo que tente dizer a si mesma que nunca me amou,
Continua sendo a sua letra naquelas cartas.

Sentindo você me sentir.
Tchau!
E aquele tchau de orgulho que finge que nada está acontecendo.
Eu sei que você está aí.
E é triste saber que tudo ainda está acontecendo,
e nunca deixou de acontecer.
Porque eu posso te esquecer,
Mas já que não posso desbeijar,
uma vez beijada,
Só me resta rezar.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Estado de Sítio

Escrevo sobre você.
Escrevo sobre como eu me apaixono rápido.
E todos os meus passos, todos os meus sonhos, todos os versos implícitos,
Eram intervalos de silêncio do meu mundo incompleto gritando por você.

Aquele olhar discreto que berra por atenção;
Sentar na cadeira ao seu lado sem querer, querendo;
Perguntar quanto tempo falta para terminar essa aula chata... -
E me contentar em escutar tua voz dizendo as horas,
Enquanto eu leio claramente as legendas platônicas saindo de teus lábios:
Vamos fugir.

Pego o carro, giro a chave - o motor é você.
Compro o jornal, viro a página - as letras são você.
Sonho acordado, vou às estrelas - o universo é você.
Cheque mate no xadrez que jogo com minha solidão -
Você; tudo você, sempre você.

E essa paixão pesando um peso maior que meu corpo.
E eu, mesmo assim, pra qualquer lugar,
Eu quero te carregar comigo.
Como os afluentes carregam as folhas que caem no presságio do inverno
(Ou do teu vendaval)
Para se perderem na vastidão do rio.

Eu me perdi.
Eu quero me perder em você
Até me encontrar na vastidão desse rio que, de tão completo, transborda e inunda a Terra e mata pessoas inocentes.
Mas, de qualquer jeito, meus pés nunca estiveram no chão.
Eu não morri.
E agora eu agradeço por sobreviver a essa catástrofe, nas vantagens que a ilusão nos traz,
Por poder virar a esquina e continuar dizendo
Que continuo escrevendo sobre como eu continuo me apaixonando rápido.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Mamma Mia!

À luz de velas, um parmigiano e meus fartos cílios turcos lambendo o mesmo ar que você respira.
Mascarpone nos dedos e o calzone esquecido do outro lado da mesa; teus lábios perfeitos não podem esperar.
A mozzarella bruscamente cortada esparrama-se no chão enquanto eu me aproximo de ti com as piores intenções do mundo.
Azedume das alcaparras na ponta dos dedos de mascarpone - e os seus lábios espreitando o calor do meu toque sutil.
Esse jantar está só começando...

MAMMA MIA!
A gente aqui e a pasta pegando fogo na cozinha...

Agora sim, mangiare, deixa eu te mostrar o que é comer bem.

Enrosque a massa por entre os dentes do garfo com a ajuda da colher; com a ajuda da minha mão de mascarpone;
Com a minha ajuda a pressionar meu corpo contra o teu como se fôssemos dividir o mesmo talher, a mesma cadeira;
A mesma boca que suga o spaghetti até o encontro dos lábios, sedentos.

E o olhar do depois que fita a pasta como quem fita a maior batalha da história do Coliseu com uma excitação transgressora.
Leão; que cheira o Chianti na taça como quem cheira sua nuca, no cio;
E imobiliza teu pescoço com os dedos de mascarpone, melados, enquanto arrasta a barba do outro lado;
Como quem escreve al dente na tua pele: é hora da sobremesa.

Mamma Mia,
E pensar que esse jantar está só começando...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Luz (Diga X)

Perto de você,
Longe de mim,
Junto de nós -
E o sol se pondo sobre as nossas cabeças...

Eu,
você,
nós.
- X (!)
Luz;
sempre luz.