Escrevo sobre você.
Escrevo sobre como eu me apaixono rápido.
E todos os meus passos, todos os meus sonhos, todos os versos implícitos,
Eram intervalos de silêncio do meu mundo incompleto gritando por você.
Aquele olhar discreto que berra por atenção;
Sentar na cadeira ao seu lado sem querer, querendo;
Perguntar quanto tempo falta para terminar essa aula chata... -
E me contentar em escutar tua voz dizendo as horas,
Enquanto eu leio claramente as legendas platônicas saindo de teus lábios:
Vamos fugir.
Pego o carro, giro a chave - o motor é você.
Compro o jornal, viro a página - as letras são você.
Sonho acordado, vou às estrelas - o universo é você.
Cheque mate no xadrez que jogo com minha solidão -
Você; tudo você, sempre você.
E essa paixão pesando um peso maior que meu corpo.
E eu, mesmo assim, pra qualquer lugar,
Eu quero te carregar comigo.
Como os afluentes carregam as folhas que caem no presságio do inverno
(Ou do teu vendaval)
Para se perderem na vastidão do rio.
Eu me perdi.
Eu quero me perder em você
Até me encontrar na vastidão desse rio que, de tão completo, transborda e inunda a Terra e mata pessoas inocentes.
Mas, de qualquer jeito, meus pés nunca estiveram no chão.
Eu não morri.
E agora eu agradeço por sobreviver a essa catástrofe, nas vantagens que a ilusão nos traz,
Por poder virar a esquina e continuar dizendo
Que continuo escrevendo sobre como eu continuo me apaixonando rápido.