quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Abel

Treinei horas a fio no Campo de Abel.
E você...? Bem... você mudou de endereço.
Meus galhos retorcidos da caatinga tentaram te matar, irmão.
Não consigo ser igual a você.

Também... pudera!
Só sinto a eterna enxaqueca dos que não querem esperar.
Prefiro te enforcar a me agonizar feito inseto, Abel,
Te odeio do fundo do meu coração.

Quanta inocência podre, quanta falsidade...
Ninguém consegue fingir o tempo todo,
a não ser você, Abel,
a não ser você.

Sei que ri de mim no fundo,
e, por isso, quero te apedrejar.
Me deixe em paz!
Por que me procura se sabe que eu nunca vou mudar, Abel?
Por que existe?

Dois meses de diferença
são a indiferença suficiente
para destruir tudo que treinei;

Não basta te detestar,
quero ser reconhecido
por ser aquele que te esfaqueou, Abel -
e fez de ti o maior mártir do mundo.