terça-feira, 22 de abril de 2008

Mosca

Uma mosca presa no meio do cubo de gelo.
Sou criativo.

Chupo o gelo esperando mascar o inseto de chicle e fazer a maior bolha do mundo estourar no meio da fuça;
Agora os prismas do olho de mosca na minha retina deformam a córnea até a cegueira da venda se tornar confortável.
Amarrado na cama e nu; e sozinho
Esperando que as asas de mosca me façam flutuar como você consegue.

Saia do banho,
Pra lamber esses pêlos de mosca no meio do meu peito-de-pombo
e matar esses micróbios um-a-um com seu chicote,
Arrastando o gelo até a mosca se desprender daquele frio prazeroso
pra chegar aos meus ouvidos com aquele sussurro dos infernos,
Que não me deixa dormir sossegado -

Eu quero você ao meu lado
pra poder te destroçar melhor, mosca.

Acendo a luz
porque eu preciso olhar nos teus olhos e me ver refletido em cada losango
Assim como você está nessa úlcera em minha pele-de-vulcão.

E quanto mais te coço,
mais você pede pra eu te coçar mais.
Na inércia do movimento acelerado,
Acelero as mãos no momento final
para te atingir e te render em meus dedos,

Oh, mosca,
Fique bem.
Agora presa no cubo de gelo da minha saliva,
Enquanto eu me visto novamente.