domingo, 19 de agosto de 2007

o arrepio de quem sente que faz diferença no mundo

Quando todo mundo começou a me aplaudir senti o arrepio de quem sente que faz diferença no mundo. Levantei, me abraçaram, me fotografaram e eu já sabia. Eu já sabia que uma hora tudo ia cair.
Em dois meses, tinha olheiras e claros sinais do mal que aquele prêmio me fez - não era isso que você queria? Eu não passei. Eu não passei no teste, eu fui reprovado por quatro pontos e setenta e cinco décimos no teste que eu me preparei a vida toda pra fazer. E de que adianta uma merda de um prêmio agora? Agora eu não quero mais esse prêmio, pode ficar com ele, pode ir com ele para o inferno.
Você não reparou que ninguém mais levanta o dedo pra perguntar? Todo mundo sai perguntando, interrompe, tudo zuado. É por isso que é melhor não perguntar, mas a solidão vicia, mané. Pelo menos, me viciou.
Me viciou em não perguntar, mas não porque eu tenho medo de parecer burro (que coisa mais ridícula de pensar, somos todos uns asnos, no fundo, no fundo), e sim porque eu tenho as respostas. Você tem as respostas também.
Eu só não as encontrei na hora da prova porque eu fui um asno em pensar que "uma hora tudo ia cair", e, claro, caiu. A gente vive se botando pra baixo porque é mais fácil viver de esmola, mas a piedade e pena são os sentimentos mais ridículos do mundo. Ninguém consegue se construir em decepções, elas não fazem você crescer, nem vão de mostrar nenhuma merda de prêmio agora, nem mais depois. Por que não se construir de vitórias?
Como nós somos frágeis... E como nós somos mais burros ainda em pensar que somos frágeis!
Eu não passei, as olheiras não sumiram, eu não passei e eu já sabia. Eu já sabia que ia amarelar de te dar aquele prêmio, ele é meu, cara! Você pode roubá-lo, se quiser, mas tenho certeza que nunca vai saber como é sentir o arrepio de quem sente que faz a diferença no mundo.
E por mais que eu não tenha passado, heh, eu continuo e acho que sempre vou continuar arrepiado.