segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Sem compromisso

Desde aquele olhar calado,
O arrepio senti com tuas unhas cravadas através do meu peito.
As línguas atadas pela secreção desses toques desesperados
Que só buscam orgasmos regurgitados dos lençóis em chamas.

Desde aquele cigarro no intervalo,
Te sorvo pelos poros enquanto inspiro teu suor já misturado
Com o sangue desses beijos canibais
Que nos fazem explorar as mil dimensões dessas quatro paredes.

Desde aquela porta trancada,
Rasgamos roupas e pudores
Como animais que não se reconhecem pelos espelhos quebrados
Com os gritos de prazer das peles evaporando.

Desde aqueles sussurros gemidos,
Com os olhos bem fechados na harmonia tântrica
Desse movimento selvagem que percorre a cintura
Até todos meus pêlos rijos explodirem na fusão com os teus.

Desde aquela tensão preliminar,
Sem carícias românticas, sufocamos os corpos
Ligados pelo bel-prazer casual dessa carne crua
Até nossos caminhos divergirem depois do gozo.

Desde aquele ponto final,
Se você conseguir lidar com o fato que quero teu corpo, e não teu coração,
Poderemos nos encontrar então embaixo dos lençóis em chama
Até eu ter o meu, e você, o seu.
Sem compromisso.