terça-feira, 8 de agosto de 2006

Seiva Bruta

O poema é uma
árvore seca
cujas raízes
pairam no ar
desadubado
encontrando frutos
no teu paladar
e cortando flores
sem desabrochar
ao lado
da areia-movediça
estende cipó
do fio da navalha
estranha dobradiça
da porta arrombada
para o jardim de migalha
que a vida metralha
sem dó nem porquê
o poema de pílula
comprime feridas
e as vende aqui
visíveis a olho nu
tão perto do teu jardim

tão longe de ti.