foto instantânea
Você me teve bem onde queria, num quadro minúsculo, do tamanho da pureza do mundo que cabia entre o flash e um abraço apertado. A paisagem, o segundo plano, sempre foi mais bela que o meu sorriso, escarlate, amarelo, cansado de só posar.
Eu alimentaria todas as crianças do mundo, mas só temos uma noite para capturar a essência de um relacionamento raquítico. E eu tenho dois minutos para emanar o adeus que nunca consegui dizer, exprimir as lágrimas que nunca chegaram a rolar, nessa poesia de calibre pequeno, que nos matou sem perceber, sem gritos ou diálogos como tem sido desde o primeiro olhar.
Esteja nua, só nesse encontro, para eu te entender num sublime blecaute, na fração de segundo que nenhum obturador captura, que escorre pelas mãos como ondas do nosso rádio de sintonia avoada. Deixa a foto ficar fora de foco, deixa a mão tremer, deixa eu sentir o gosto do fim do começo, nesse meu jeito vil que nem sequer um beijo morno foi capaz de oferecer.
Já não tenho nada mais a dizer e, agora, em um minuto, estico os músculos contraídos na minha inferioridade, incapaz de te confortar, incapaz de pensar sobre essa foto linda, que cava depressões absolutas sob um mar de incertezas do apocalipse, um mar que não é meu, nem nunca chegou a nos pertencer. É impossível revelar o negativo, já que estar perto, não é estar junto e, quando perto, tão perto dos seus olhos, vejo correr um sangue que não é meu, já é nosso, na pintura monocrômica que agora me sufoca.
Nesses poucos segundos, seus olhos congelaram meu fogo, redimido à cinzas um amor fugaz, com o destino desconhecido, mas com o passado retratado nas fotos mais perfeitas do mundo, mas que só a paisagem conseguia-se ver. Agora que o dia está nascendo, não sei se te peço perdão por ter sido tão estático naquelas poses - não quero piedade, não quero compaixão, só quero que leia essa poesia de calibre pequeno e entenda que as fotos que tiramos, não podem, nem nunca puderam me deixar respirar.
Eu alimentaria todas as crianças do mundo, mas só temos uma noite para capturar a essência de um relacionamento raquítico. E eu tenho dois minutos para emanar o adeus que nunca consegui dizer, exprimir as lágrimas que nunca chegaram a rolar, nessa poesia de calibre pequeno, que nos matou sem perceber, sem gritos ou diálogos como tem sido desde o primeiro olhar.
Esteja nua, só nesse encontro, para eu te entender num sublime blecaute, na fração de segundo que nenhum obturador captura, que escorre pelas mãos como ondas do nosso rádio de sintonia avoada. Deixa a foto ficar fora de foco, deixa a mão tremer, deixa eu sentir o gosto do fim do começo, nesse meu jeito vil que nem sequer um beijo morno foi capaz de oferecer.
Já não tenho nada mais a dizer e, agora, em um minuto, estico os músculos contraídos na minha inferioridade, incapaz de te confortar, incapaz de pensar sobre essa foto linda, que cava depressões absolutas sob um mar de incertezas do apocalipse, um mar que não é meu, nem nunca chegou a nos pertencer. É impossível revelar o negativo, já que estar perto, não é estar junto e, quando perto, tão perto dos seus olhos, vejo correr um sangue que não é meu, já é nosso, na pintura monocrômica que agora me sufoca.
Nesses poucos segundos, seus olhos congelaram meu fogo, redimido à cinzas um amor fugaz, com o destino desconhecido, mas com o passado retratado nas fotos mais perfeitas do mundo, mas que só a paisagem conseguia-se ver. Agora que o dia está nascendo, não sei se te peço perdão por ter sido tão estático naquelas poses - não quero piedade, não quero compaixão, só quero que leia essa poesia de calibre pequeno e entenda que as fotos que tiramos, não podem, nem nunca puderam me deixar respirar.
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