terça-feira, 1 de agosto de 2006

frevo

de tudo que já sentiu, varreu piaçava o coração só gesticula ajuda.
motor imóvel de pegadas-poço pedindo almoço feito mendigo de olhar calado
sério, injuriado, que só quer olhar e sorrir; ficar e partir
sem alarde, é covarde e não percebe que as pegadas-poço que cavou nos outros não mais se podem tampar, só as quer colecionar; tocar e largar
de antemão, antes que a vassoura, ou até mesmo a tesoura cega enferrujada, espalhe a picada no ferrão de piaçava que vem do seu toque; curar e arranhar
pra esconder aquele olhar certeiro, oblíquo e ligeiro, no mundo escondido em bolhas de sabão que pairam feito balão na estratosfera subcutânea que ninguém pode alcançar; abrir e fechar
sem saber quando contar, num distante crepúsculo calmo que deita entre o vidro quente do sangue, pura endorfina parasita sugada, determinada, sem se apegar a nada; estar e se ausentar
na fração de segundo que as pupilas dilatam e retratam a tênue diferença entre estar perto e estar junto, num intenso mundo de luz com blecautes no fundo, e sempre sempre imundo nesse paradoxo de tudo que ainda está para sentir e nenhuma piaçava poderá varrer; cuspir e comer
essa balbúrdia inteira é só pra perceber que é só na poeira, que teu coração pode crescer.