sábado, 30 de setembro de 2006

odecágono

Odeio o jeito que você passa como se nada tivesse acontecido, com aquela cara lavada, com aquele orgulho escondido.
Odeio o jeito que você me envolve, lendo minha mente com seu olhar implacável, que não se importa com as conseqüências do seu mundo estável.
Odeio o jeito que acha que tudo que faz é certo, seja mentir, seja esconder, nessa sensível insensibilidade que pensa que ter controle, é ter paz.
Odeio o seu jeito dominador que me cega em sua ausência constante, sua porta sempre fechada, sua expressão descompromissada.
Odeio o jeito carente que esconde no peito estufado, condicionado por outros, na vã solidão egoísta de sua alma completa, seu dependente mundo solto.
Odeio quando você está aqui e me faz sorrir porque odeio também saber que você sempre irá partir.
Odeio saber que nunca vou te conhecer, e que, quando me liga, é só pra te entreter nos momentos em que seu outro alguém não está por perto.
Odeio escutar sua voz distante, sempre distante, nunca perto, odeio plantar sementes que nunca florescerão no seu deserto.
Odeio quando me provoca, quando sabe o que me machuca, mas só pensa no seu umbigo, seu jogo rasteiro me deixa sem abrigo, e você sabe disso.
Odeio o fato de você existir em minha vida, mas adoro esquecer porque te odeio quando odeio lembrar de sua constante presença querida.