quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Eu não estou morto

São sempre rachaduras.
Rachaduras do tempo,
Rachaduras da distância...
Eu sou sua rachadura:
Jogue-me a culpa.

Os olhos não deixam mentir
Que sentia falta dos momentos estáveis...
Mas sou sua rachadura.
Ao rasgar esse bilhete de saudade comprada,
Esqueço o ócio que fede a podre -
Agora; você.

Enquanto buscava sua aprovação, só sua,
Escondi meus medos sob tua tatuagem,
Que agora está longe demais pra alcançar.
Por que tem medo da minha rachadura te afundar?

A argamassa do teu arsenal
Não une meus pulsos que esse amor de veneta cortou.
Sempre fui rachadura,
E a culpa que me transfere, escorre
Não me inunda.

Quando vier com pedras e coroas
Para o caixão que sua piedade vendou,
Não esqueça que eu não estou morto -
Apenas flutuo num plano maior que a sua rachadura.
Sempre fui rachadura,
Mas só agora você se rachou.